13 de jun. de 2011

BOTEQUIM Nº 1


Se a vida é pouca
Bate palma, bate boca
Bate papo no boteco
onde a calma faz morada
Bate perna na calçada
Madrugada, bate a porta
Quando a Lua quase morta
Vai batendo em retirada


Se a dor é tanta
vem comigo, conta e canta
Que tristeza lhe amedronta?
Que paixão te desencanta?
Põe teu copo em minha mesa
Deixa a dor por minha conta
Que teu pranto com certeza
Nunca mais há de voltar


José das Tantas,
meu cumpadre camarada
Não precisa chorar
Porque perdeu a namorada
Mas não perdeu
esta vontade de cantar.
Antonieta,
Vem ouvir meu samba novo.
Deixa o povo falar
Mostra que a vida
Não tem só uma faceta.
Só faz careta
quem não sabe argumentar.

De bar em bar
minha viola desce a estrada
tira um toque da alvorada
tira um verso de ternura
tira o tom da noite escura
tira o Sol da madrugada
faz do amor a partitura
faz da dor a batucada

E o botequim
tira de mim essa saudade
fecha os olhos prá verdade
mas a vida continua
Quando o dia sai à rua
e a verdade se retrata
Se desfaz a serenata
Morre um sonho e nada mais.

Sidney Miller

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